quarta-feira, 30 de agosto de 2017

“OS CINEMAS QUE CAMBRA TEVE“


O PRIMEIRO : 

Era no Mercado Municipal, foi no ano de mil novecentos e quarenta. Explorado nesses tempos ídos, pela Dª, Carlota Ribeiro, cujo o seu título era o PROGRESSO.

DEPOIS SEGUIU-SE O SEGUNDO:

Que foi nos fundos da Pensão Bastos, prédio este, que pertencia ao Comendador, Luis Bernardo de Almeida, o seu Administrador: era o senhor Angelo Henriques, seguindo-se o senhor Albino Leite, Martins Barbeiros, Carlos da Farmácia e por último, Gabriel Pinho da Cruz.

Nestes os seus maquinistas: eram o senhor Angelo , como ajudante tinha o senhor Armindo Lopes, que tinha vindo de Lisboa trabalhar para os Escritórios da firma Martins & Rebello, finalizando o senhor Filoménio, que mais tarde contou com a ajuda de seu filho. Os cobradores dos bilhetes, para o nosso ingresso na sala eram: o Justino Leite,Carlos Farmácia e Martins Barbeiros.

OS PORTEIROS: eram o senhor José da Portela, Álvaro da Felicidade e Ferreira Leite.

Mas que saudades e memórias eu, lembro deste “ CINEMA, que íamos ver os filmes, numa sala constituída por Balcão e Plateia, cujo as suas cadeiras eram em madeira e seu tampo recuava após a nossa serventia, dando-lhe muita atenção para não ficarmos magoados, depois aquele enorme pano ecrã, que nos deliciava em momentos de alegria e com o bilhete na mão se dava o acesso ao nosso lugar com a ajuda do porteiro de serviço e com o seu habitual foco de olho de cavalo, que ele sempre o retirava do seu bolso. Depois se dava o intervalo: na saída da plateia ao nosso lado esquerdo existia uma fina Mercearia e do lado direito uma sala de refeições. Na mercearia, era sempre usual, a compra de uns rebuçados somente de açucar e em alternativa para bolsos mais recheados de moedas ou notas,eram uns da fábrica Regina e com os dizeres “Amores”.

Para todo aquele cliente, que não amante de doçuras : viravam-se para o outro lado , pediam umas cervejas , umas laranjadas o sumos da laranjinha “C”, ou pirolitos, uns copos de vinho e as famosas sandes com a patanisca de bacalhau, que eram servidas por lindos sorrisos e modos da simpática família BASTOS.

Para a utilização do Balcão, era pela porta principal da Pensão, mas em alternativa, usava-se aquelas fortes escadas feitas em madeira que normalmente eram somente usadas pelo pessoal ao serviço do senhor “Constantino de Bastos (Copa).

Os filmes, passavam, às quintas sábados e domingo s, eram muito convidativos, mesmo depois de nos serem apresentados, na vía pública e em lugares habituais, os cartazes que apresentavam as melhores cenas e os seus artistas. Frequentavam pessoas de todas as idades e muitas delas, sempre com o seu lugar cativo, para todas as sessões.

Cessada esta atividade que durante anos nos apaixonou, nos entusiasmou por muitas horas e em momentos felizes. Passou a ser a Oficina de Reparações do senhor Manuel Ferreira Guimarães (Bela). Hoje é a Pastelaria Tulipa.

QUANTO AO TERCEIRO E ÚLTIMO :

Que o mandou edificar, o senhor Comendador, Gabriel Pinho da Cruz, “ O HOMEM BOM “, que lhe foi conferida a comenda pelo nosso Governo, em 17 de Novembro do ano de 1964, da ordem da Benemerência, por ele: era mesmo um “HOMEM BOM”.

E foram largos anos, que este Edifício do “NOVO CINEMA”, com que todos nós Cambrenses contávamos, servindo-se do seu conforto era deslumbrante o seu serviço encantador, que sempre contou com o Administração do nosso saudoso e amigo “Manuel Tavares de Bastos, filho da família Solar de Areias”.


Esta casa de espetáculos, construída, por empreiteiros Cambrenses, de elevada competência profissional, Arquitetos e Engenheiros, que lhe deram uma elegância em todos os seus compartimentos na obra, que sob a alçada do senhor Manuel Tavares de Bastos que por tal, foi escolhido provando a sua competência e tornando-o num dos melhores do PAIS.

A sua inauguração foi em 11 de Julho de 1970, a sua bençoa, foi o Ver. Padre Oliveira Maurício, o corte da fita, pelo então Diretor Geral da Cultura e Espetáculos, senhor Dr. Caetano de Carvalho, contou ainda com a presença do Governador do Distrito de Aveiro, Dr. Vale de Guimarães e o nosso Presidente da Camara Dr. Prado de Castro.

Nos fundos: deste maravilhoso “CINEMA”, tínhamos uma estação de serviço “RENAULT”, de elevado gabarito e assistência competente pelo então e saudosos amigo, senhor MEIRA, que vindo de terras de Leiria, para a firma Martins & Rebello, como mecânico competentíssimo, rapidamente se manifestou um elemento, que se dedicou a este projeto entusiasmado pela maioria das firmas da nossa Terra.

Mas com eu: memorizei a nestas duas casas de Espetáculo um filme de tempos ídos, cujo o seu titulo era: “ E TUDO O TEMPO LEVOU “.

PASSADOS: precisamente neste mês de JULHO, quarenta e três anos, em que o nosso Presidente Dr. Prado de Castro, tornou publico a deliberação da Câmara, que nesta data 08/07/70, tiveram a honra em propor, como prova de indelegável gratidão deste Concelho a tão ilustre filho da terra, que mandou construir uma admirável” CASA DE ESPETÁCULOS DAS MELHORES DO PAIS”. Cedendo à artéria que, do lado sul, confronta com o (Cinema de Vale de Cambra).

Que apresentada e lida, foi aprovada por humanidade com o nome de Rua: Gabriel Pinho da Cruz (filho)

O Homenageado, agradeceu, comovido, perante enorme número de conterrâneos e amigos, com o titulo à Rua, com o seu nome e por tudo isso fez a entrega do NOVO CINEMA, devidamente equipado nesses tempos pela quantia de 8.000 contos e do qual, nunca seria correspondida comercialmente por esta obra.

“ E esta casa de Cinema, que foi feita para usar: Deveria simbolizar a Cidade de Vale de Cambra, enquanto CIDADE, assim como a memória de quem a mandou construir para tal efeito “.

E foi este devoto filho da nossa encantadora terra, que nos convenceu e tornou uma prioridade como necessidade desta casa de ESPETÁCULOS, a todos nós.

HOJE NÃO TEMOS CINEMA…

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Deixando escapar este local, este conforto, que reunia todas as condições, para dedicar a todos que nos visitassem, assim como aos visitados, em momentos que ficariam para a história do CONCELHO, como uma das datas inesquecíveis pelo lado positivo e em prol do seu desenvolvimento, para beneficio da nossa linda terra, administra-la em auxilio a esta administração, para que o seu progresso e embelezamento, continuo a marcar no meio das suas congêneres e do conjunto do nosso Distrito e do País.

Disse, muito bem o saudoso Sr. Dr. Teixeira da Silva.

Não me chames mais CINEMA,
Porque o Cinema abandonou-me,
E me deixou saudade;
Não me chames mais CINEMA,
É a minha última VONTADE.

Para quem conheceu estes três CINEMAS,
Que Cambra teve até este momento;
Agora somente recordá-los,
Porque os mesmos foram no VENTO.

Eram para todos nós um passa tempo,
E uma cultura para cada vez;
Hoje que o vento os levou,
Passou a ser um bazar CHINÊS.

3 comentários:

  1. Me chamo Ricardo, moro no Brasil. O comendador Gabriel Pinho da Cruz foi meu padrinho. Em Setembro de 2018 estive na cidade para relembrar de meu querido padrinho e conhecer o cinema ( sempre comentado por ele). Foi um momento mágico de volta ao passado . Deixo aqui um abraço e respeito aos Cambrenses

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    1. Qual a data de nascimento e falecimento do Comendador Gabriel Pinho da Cruz? Como pode ser consultada a sua biografia?

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    2. Em 2018 já o Cinema Vale de Cambra mandado construir pelo Comendador Gabriel Pinho da Cruz não funcionava há vários anos estando ao abandono, em mãos de privados que alugaram as instalações para comércio de chineses.
      Uma casa de cinema e espetaculos do que melhor havia no Distrito esteve totalmente desprezada até que a autarquia adquiriu a mesma e esta encontra-se em fase final de requalificação merecendo o agradecimento e gratidao para com Gabriel Pinho da Cruz um Ilustre Valecambrense que nos deixou um legado patrimonial e cultural do melhor que ainda hoje existe.

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