"COMÉRCIOS DO PASSADO"
Pois que tudo era diferente, além das lojas e dos variadíssimos ramos de negócios abertos ao publico. Existiam os ambulantes, que de lugar em lugar, percorriam apeados com ou sem animais, proclamavam ao som da gaiata, ou da sua voz aguda o produto que desejavam comercializar.
Os animais como estes da foto, que carregavam as vasilhas com azeite que se vendia a granel, pelas mãos hábeis e muitas das vezes, cansadas pelo excesso de trabalho e com longas horas de serviço, que diariamente fazia de lugar em lugar, ao toque daquela bonita gaiata que anunciava a sua chegada, para comercializar o azeite, petróleo, carboneto e paus de sabão, para satisfazerem, todo o habitante, que constituíam o nosso Concelho, e nesses tempos as suas dificuldades, eram imensas e não tinham meios para se deslocarem aos grandes centros, para se abastecerem das suas necessidades mais prioritárias. Com o passar dos anos se foi modificando o sistema, com as éguas e burras, atreladas à carroça, puxando drasticamente este veículo de duas rodas e com o seu condutor e vendedor de todos esses produtos, mais uns paus de sabão, azul ou de cor rosa, azeitonas pretas e figos de seira em pacotes feitos de papel de mata murrão e colocado no seu fundo com cola de cimento, para quilos e meios quilos ao pedido do cliente, que sempre era visitado, em dias certos e horário programados. O ambulante, que ali aparecia nesses lugares que já estavam destinados por eles, como escala de serviço e lugares a serem visitados.
Além destes azeiteiros que tivemos longos anos na nossa terra, vindos como “ Pioneiros “, dos lados da Lousã, com suas famílias primitivas, como o foram os “ LIMAS “, que começaram por constituírem mais elementos e que muito depressa se multiplicaram por cá, constituindo esmeradas famílias, das quais algumas seguiram as doutrinas dos seus Avós e País, mantendo o mesmo ramo de negócio.
Depois começaram por aparecerem também de porta em porta os “ Padeiros, Talhantes, Carvoeiros, Sardinheiras, Frutas, Roupas e Atoalhados de vários pontos do País. Hoje motivado pelos grandes espaços que foram aparecendo, que deram a origem a que tudo quase fosse ao seu final.
Existem ainda alguns lugares, que não deixaram as suas maneiras de o ser, adquirindo sempre aos Domingos após o final da missa, as suas compras para o dia a dia e governo de suas casas de semana para semana.
E é de homenagear e lembrar hoje todos estes ambulantes do meu conhecimento e outros, que no passado tanto palmilharam terras de Cambra, à procura do seu ganha pão e que contribuíram imenso, para o bem estar dos mesmos, que sabiam à partida de que estes ambulantes nunca faltavam com os respetivos produtos, nos dias certos, que por eles, estavam programados e não só vendiam, como também compravam, galinhas, frangos, coelhos, ovos, milho batata e vinhos..
Recordo: As Padeiras, Tia Felicidade, Maria do Mário Brande, Tia Laura de Cabril o António do Ramos e sua mãe, Lucinda de Cartím e tantas mais que o fizeram de lugar por lugar, com um enorme cesto à sua cabeça, vendiam e entregavam pelo madrugada o pão que estava encomendado do dia anterior e que na maior parte dos casos, deixavam em local combinado em sacas de pano, feitas de retalhos que deixavam penduradas, nuns pregos que ali estavam a prepósito nas portas.
Nas carnes a Maria, Lucília e Arlindo do Tomás Gomes, a Tia Mariana de Baçar, a Teresa do Lourenço da Farrapa e outros, que também os seguiram andando a vender de lugar em lugar, com cestos à cabeça e as carnes embrulhadas em frações de quilo, meio quilo, nas embalagens de papel de mata murrão.
Nas sardinhas: a Maria do Gregório do Outeiro e a Maria José do Almeida Manco, Isaura da Formiga, Dolores e Irmã do Rossas de Ramílos a Ermelinda de Gaínde e a Bértulina de Macinhata
Peixeiros: A Tia Quitas e sua filha Rosa Sardinheira, o João Peixeiro de Ramilos e sua esposa, o Romão da Arrifanínha e esposa.
Na Fruta: A Maria do Bornes, Serrado, Amélia da Quintã de Castelões