quarta-feira, 29 de agosto de 2018

COMÉRCIOS DO PASSADO

"COMÉRCIOS DO PASSADO"

Pois que tudo era diferente, além das lojas e dos variadíssimos ramos de negócios abertos ao publico. Existiam os ambulantes, que de lugar em lugar, percorriam apeados com ou sem animais, proclamavam ao som da gaiata, ou da sua voz aguda o produto que desejavam comercializar. 


Os animais como estes da foto, que carregavam as vasilhas com azeite que se vendia a granel, pelas mãos hábeis e muitas das vezes, cansadas pelo excesso de trabalho e com longas horas de serviço, que diariamente fazia de lugar em lugar, ao toque daquela bonita gaiata que anunciava a sua chegada, para comercializar o azeite, petróleo, carboneto e paus de sabão, para satisfazerem, todo o habitante, que constituíam o nosso Concelho, e nesses tempos as suas dificuldades, eram imensas e não tinham meios para se deslocarem aos grandes centros, para se abastecerem das suas necessidades mais prioritárias. Com o passar dos anos se foi modificando o sistema, com as éguas e burras, atreladas à carroça, puxando drasticamente este veículo de duas rodas e com o seu condutor e vendedor de todos esses produtos, mais uns paus de sabão, azul ou de cor rosa, azeitonas pretas e figos de seira em pacotes feitos de papel de mata murrão e colocado no seu fundo com cola de cimento, para quilos e meios quilos ao pedido do cliente, que sempre era visitado, em dias certos e horário programados. O ambulante, que ali aparecia nesses lugares que já estavam destinados por eles, como escala de serviço e lugares a serem visitados. 

Além destes azeiteiros que tivemos longos anos na nossa terra, vindos como “ Pioneiros “, dos lados da Lousã, com suas famílias primitivas, como o foram os “ LIMAS “, que começaram por constituírem mais elementos e que muito depressa se multiplicaram por cá, constituindo esmeradas famílias, das quais algumas seguiram as doutrinas dos seus Avós e País, mantendo o mesmo ramo de negócio. 

Depois começaram por aparecerem também de porta em porta os “ Padeiros, Talhantes, Carvoeiros, Sardinheiras, Frutas, Roupas e Atoalhados de vários pontos do País. Hoje motivado pelos grandes espaços que foram aparecendo, que deram a origem a que tudo quase fosse ao seu final. 


Existem ainda alguns lugares, que não deixaram as suas maneiras de o ser, adquirindo sempre aos Domingos após o final da missa, as suas compras para o dia a dia e governo de suas casas de semana para semana. 

E é de homenagear e lembrar hoje todos estes ambulantes do meu conhecimento e outros, que no passado tanto palmilharam terras de Cambra, à procura do seu ganha pão e que contribuíram imenso, para o bem estar dos mesmos, que sabiam à partida de que estes ambulantes nunca faltavam com os respetivos produtos, nos dias certos, que por eles, estavam programados e não só vendiam, como também compravam, galinhas, frangos, coelhos, ovos, milho batata e vinhos.. 


Recordo: As Padeiras, Tia Felicidade, Maria do Mário Brande, Tia Laura de Cabril o António do Ramos e sua mãe, Lucinda de Cartím e tantas mais que o fizeram de lugar por lugar, com um enorme cesto à sua cabeça, vendiam e entregavam pelo madrugada o pão que estava encomendado do dia anterior e que na maior parte dos casos, deixavam em local combinado em sacas de pano, feitas de retalhos que deixavam penduradas, nuns pregos que ali estavam a prepósito nas portas. 

Nas carnes a Maria, Lucília e Arlindo do Tomás Gomes, a Tia Mariana de Baçar, a Teresa do Lourenço da Farrapa e outros, que também os seguiram andando a vender de lugar em lugar, com cestos à cabeça e as carnes embrulhadas em frações de quilo, meio quilo, nas embalagens de papel de mata murrão. 



Nas sardinhas: a Maria do Gregório do Outeiro e a Maria José do Almeida Manco, Isaura da Formiga, Dolores e Irmã do Rossas de Ramílos a Ermelinda de Gaínde e a Bértulina de Macinhata 

Peixeiros: A Tia Quitas e sua filha Rosa Sardinheira, o João Peixeiro de Ramilos e sua esposa, o Romão da Arrifanínha e esposa. 

Na Fruta: A Maria do Bornes, Serrado, Amélia da Quintã de Castelões

sábado, 25 de agosto de 2018

REFEIÇÕES DOS CASEIROS E JORNALEIRO

"REFEIÇÕES DOS CASEIROS E JORNALEIROS" 

Assim era a alma Cambrense na Agricultura, que retrata o quotidiano, que após dias árduos nas propriedades dos senhorios, nos intervalos e no seu final, saboreavam desta forma umas refeições com melhor qualidade. 



As suas mesas era mesmo assim: mantas que eram feitas de retalhos, estendidas pelo solo e encima de palha de milho ou outra, assim lhes era servida as refeições, que vinha ser entregues pelas criadas dos grandes donos das “ Quintas que Vale de Cambra, tinham distribuídas por vários locais e em quantidades “. 

Homens e mulheres destas épocas, que trabalhavam de sol a sol, nestas propriedades, com jornas humildes e refeições também reduzidas e controladas, pelos senhorios destas enormes quintas e campos que existiam em nossa terra, nesses tempos que o braço humano, bois, vacas, charruas, arados e outros utensílios ligados à agricultura, que tanto trabalharam na nossa terra e contribuíram para o seu engrandecimento, nos produtos agrícolas, na criação de bons gados, vinhos, leite, batata e todo o tipo de cereais e que bela terra nos oferecia. 

Todo este seu esforço humano e com animais, era natural que deixou a todos eles, prestígio e vaidade pelos terrenos que cultivavam, mesmo sabendo que eles, não eram seus. Tratavam-nos com elevado amor, distribuíam com os seus donos a maquia combinada e depois a sua parte era controlada, com harmonia, nos seus gados e na sua família. 

CASEIROS: que tivemos bastantes vindo de vários pontos do País, mas principalmente das terras de Cinfães, Castelo de Paiva e Arouca, que chegaram e na sua maioria, gostaram e ficaram com suas famílias e multiplicando-se, alguns desses hoje, são Empresários e passaram a senhorios das terras que antes eram dos seus anteriores patrões. 

E nesses tempos, tanto carro de milho se vendia assim como batata, centeio, castanha e milhares de litros de vinho e leite … 

JORNALEIROS: Também eram muitos, que se ofereciam a esses donos “ Senhorios de grandes volumes agrícolas “, pela simples comida, dormida e roupa e uns miseráveis escudos e nem sempre a horas e momentos da sua necessidade, para terem uma melhor situação de vida, porque muitos desses não tinham regalias em casa dos seus pais e viram assim obrigados a procurar de terra em terra e de lugar em lugar. 

“ Caseiros e Jornaleiros, que em Cambra foram tantos, 
Vindos de tantos lados do País, à procura do ganha pão; 
Na sua maioria por cá ficaram, porque sempre trabalharam, 
Com muita Paixão “. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

OS EVENTOS NO VELHO MERCADO

“OS EVENTOS NO VELHO MERCADO “

Memorizar, passadas tantas décadas, aquele que foi o nosso Mercado Municipal, desde o ano de 1925, trabalhava aos sábados e Domingos, assim como em dias 9 e 23 de cada mês. 

Aqui neste interior tinha todo o tipo de comercio geral, aos dias de feira e nos restantes dias, só trabalhava pela manhã aos sábados Mais tarde se realizava ali todo o tipo de inventos, e sempre com a esplanada do café Avenida, a funcionar diariamente em horários normais, apresentava sempre ao seu estimado público umas merendas, almoços e jantares sempre bem confecionados pelo seu dono e filho Orlando, acompanhado pelos empregados da época os saudosos senhor João gomes e Álvaro, Vinhas e Joaquim Bastos. 

E de muitos desses inventos que ali se realizavam, foco este, que remonta ao ano de 1960, com este panfleto, que guardei até hoje e que indica esses mesmos “ Danças e Cantares “, que organizou a Atual Assembleia de Vale de Cambra e que ainda se encontra viva, mas sem esta força que inicialmente os seus Administradores o programavam com enorme entusiasmo. É também de recordar com imensa saudade a impressão do mesmo panfleto, que o seu encarregado, senhor Arlindo Ribeiro, vindo de Carreço-Viana do Castelo e com empregados da Firma Gráfica Cambrense, de Fernando Tavares de Almeida Bastos, seu proprietário, os mandava para publico, depois de terem sido devidamente encomendados para estes e outros inventos, que se realizavam neste saudoso MERCADO. 

Esta fota, mostra a inauguração da Feira Popular, com a entrada da nossa Banda de Musica e Ranchos Folclóricos, pelo portão topo Sul e num entusiasmo verdadeiramente repleto de loucura, pelo acontecido pela primeira vez no Concelho. 


MERCADO ESTE : Que no seu exterior era constituído por variadíssimos comércios e vários ramos, com apoio na sua maioria dos seus familiares e que muitos desses familiares ali nascerem e se criaram, por longos anos deste que foi o nosso encanto e muito útil prédio, que muitas décadas esteve ao nosso serviço e dos visitantes, que ficavam maravilhados, quando visitavam o nosso Vale de Cambra, aqui encontravam, Cafés, Tascas, Talhos, Combustíveis, Notários,Tabacos, Oficinas de Motos e Motorizadas, Barbeiros,Casas de Fruta, Tanoeiros, Mercearias,Oleiros, Marceneiros, Sapateiros, Aferidores e até Teatro e a Casa da Musica, enfim eram um autêntico “ Super da actualidade”, tínhamos aqui neste “ Quadrado “, todas as necessárias comodidades para o dia a dia e foi também um autentico prédio que deu guarida a muitos Cambrenses e também aqueles que para “ Cambra vieram trabalhar “.vindos de vários pontos do País”. 

MERCADO ESTE: que no seu exterior, além de variados comércios diferentes, também muito contribuiu, para o nascimento e crescimento de muitos seres humano, que sentirem muita tristeza e ficaram desolados pela sua demolição. 

Estas foto, sou eu e o saudoso António do Alceu no ano de 1958, no seu encantador interior, 

Passou-se uma linda Feira Popular, com representação das melhores empresas da época e comércios, enormes festas e cantares vindo de todos os lados do país e inclusive tivemos um ringue para combates de boxes, se porventura o tivéssemos mantido, hoje teríamos um dos mais bonitos e prático do país, pois nele se criaram muitos seres humanos e tínhamos no seu exterior, comércios úteis e produtivos ao desenvolvimento da terra. 

Hoje temos: um parque de estacionamento S.A. cuja a sua luz de ocupação, está sempre com a cor verde. E com um montante de divida no orçamento da camara de milhões e com muita dificuldade no seu entendimento no plano de aprovação. 

Porque segundo informações o parceiro privado colocou os passos do concelho em tribunal…

sábado, 18 de agosto de 2018

FIGURAS QUE EM CAMBRA, ALTAMENTE FORAM COMENTADAS

“ FIGURAS QUE EM CAMBRA, ALTAMENTE FORAM COMENTADAS “

SENHOR ARMANDO TAVARES DA SILVA

“ O ARMANDO COSTEIRA “

Casou com Alcina Soares de Almeida, que oito filhos lhe deu, cinco homens e três mulheres, criados ao sabor da educação e de fé que receberam destes maravilhosos pais, que iniciaram arduamente a suas aventuras, nos bordados e no comércio que sempre o dinamizaram em terras de CAMBRA.


O Senhor Armando Costeira, de muito jovem se apaixonou pelo volante das Camionetas, acabando mesmo por fazer parte da “ Pioneira frota de camiões que Cambra teve e que transportavam todo o tipo de mercadoria para todo o País, mas muito mais os queijos e a manteiga das nossas colossais Fabricas de Laticínios que longos anos tivemos connosco.

“ TRANSPORTES BASTOS & SILVA Ldª “ Começaram com a sua sede, na travessa do Jardim e nos fundos da casa do senhor Armando Costeira, que foi sócio fundador, na companhia do outro sócio senhor António Bastos (Con adro) e assim permaneceram muitos anos com esta maravilhosa empresa, que deixou o seu símbolo, altamente vincado por toda a parte do nosso Portugal.



Iniciaram com carros mais modestos, os dois sócios para mais tarde terem ao seu serviço motoristas carenciados, como o foi longos anos o senhor Fausto da Arnestina, Zé Vandalho, Hirmínio Brandão ( Caraga ), Jorge Valquaresma e outros, mas com o passar dos tempos, a Empresa, começou por adquirir carros como este da foto, no ano de 1965, tirada em Lisboa, com o motorista “ Alberto Valquaresma, que era o seu genro, e sempre trabalhou para a Firma, e que a sua maioria era trabalhada, pelos seus mais diretos familiares, como os seus filhos e genros, sempre no ativo. O José, Agostinho, Evaristo, genros: Artur Bastos, Alberto Valquaresma e Manuel Tavares, ladeados sempre com os maravilhosos e ativos ajudantes de motoristas, O senhor Diamantino Rebrensas, Maurício, Alberto Galinha, Belmiro Chêdas e outros. Na contabilidade sempre estava no ativo o seu filho Urgel, que tomava conta das encomendas a entregar por estes saudosos “ VOLVOS “, que em Cambra tivemos por longos anos ao nosso serviço e para toda a parte do País, é de lembrar e reconhecer estas viaturas que além das mercadorias, a entregar aos seus estimados clientes, também foram imensamente úteis, a muitos dos soldados da terra em boleias oferecidas graciosamente até aos quartéis, onde prestavam o seu serviço Militar. Por tudo isto que esta frota do “ Senhor Armando Costeira “, contribuiu para o bem de Vale de Cambra, hoje é digna de ser lembrada como coisas do PASSADO e que vai ficar em escrito como “ MEMÓRIA “.

“ Volvos que tantas saudades deixaram,
Sempre apresentaram esmerado serviço com dedicada canseira;
Pela competência e sempre alegre, do seu Administrador,
O Senhor Armando Costeira “ .

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

QUEM FORAM OS LEÕES DA SERRA

“ QUEM FORAM OS LEÕES DA SERRA “ 

Foram dois sócios, que se uniram depois de terem servido outros Porqueiros , que em Vale de Cambra, trabalhavam e comercializavam todo o tipo de Suínos ( Porcos ), vendiam e trocavam nas feiras, mercados e às portas. 



O Manuel Ferrador e o António do Vacabranca, que largos anos, foram sócios, com Carrinha, preparada para os apanhar dos currais do seu criador, depois de nas suas pedaleiras e motorizadas os terem negociado com os seus donos e marcarem o seu dia de carga, transportados para repouso e tratamento, dos seus aspetos e os mesmos eram colocados nas carrinhas, assim como seguia as jaulas devidamente preparadas, para os cercar no lugar marcado pelos fiscais da localidade, após o pagamento do seu bilhete e nunca esquecendo a saca com o grão de milho, que após a cerca colocada no local indicado, lhe era mandado pela mão do negociante uns grãos de milho, para os manter mais calmos e convidar simpaticamente o seu possível comprador, que após o negócio eram marcados com um giz de cor para os levarem a casa do seu futuro dono após o final da feira ou mercado. 



OS LEÕES DA SERRA: 

Trabalhadores, muito sérios percorriam muitas feiras e mercados a nível do nosso Distrito e não só, sempre à procura do seu bem servir, com qualidade e assistência aos porcos ( suínos, que compravam e vendiam ). 

A sua assistência aos mesmos era muito eficaz, pois que o seu sócio Manuel Ferrador, era pessoa bastante entendida no mundo do gado, devido à sua adolescência, ter trabalhado sempre com o seu pai, na oficina a preparar todo o tipo de calçado, para cavalos, bois e vacas, que o tornou muito competente, motivando-o como elevada paixão, enquanto viveu connosco, estava sempre atento a toda esta área, que se dedicou e adorava corresponder simpaticamente a todas as situações que estes animais lhe apresentavam e necessitavam da sua sempre pronta ajuda. 

Atendendo aos seus elevados conhecimentos, fez dele, um autentico Veterinário, nas necessidade dos animais, prestando-lhe sempre a sua total ajuda em qualquer sitio ou lugar. 

“ Leões da Serra, grandes Comerciais do nosso Concelho, 
Que deixaram nome por todo o lugar, 
Que vendiam e compravam gado; 
Hoje como homenagem, falo de vós em coisas do Passado “.

sábado, 11 de agosto de 2018

LEMBRADOS CINQUENTA E SETE ANOS DEPOIS

“ LEMBRADOS CINQUENTA E SETE ANOS DEPOIS “ 
Foi nesta Estação, que em Maio de 1961, cheguei com o Senhor Augusto da Pinha ( Falante ) e a sua motorizada de Marca N.S.U, com a cor cinzenta, para juntamente com o Zé Carvalho, entrarmos naquela velha carruagem e estacionarem no Quartel das Caldas da Rainha, para de seguida, embarcarmos no Navio-Barco, que já estava destinado para nós e nos deixar na Província da INDÍA, para o cumprimento do nosso dever como Militares em serviço obrigatório. 


Chegados ao Quartel, no dia seguinte fomos os dois alertados pelos altofalantes do mesmo, para comparecermos à presença do Comandante o Coronel Fernando Viotty de Carvalho, o qual após a nossa apresentação com a devida vénia e na sua presença, nos foi dito, que não embarcávamos para a missão que nos tinha sido confiado porque na Escola de Cabos e na Especialidade escolhida tínhamos sido dos melhores do Regimento e que ficarias ali, porque eramos ali necessários nestas Especialidades.

Foi um dia delirante na Velha Cidade das Caldas da Rainha, principalmente para nós os que ficamos e muito triste para os nossos colegas de Companhia que partiram. “ Principalmente os Cambrenses Manuel Mascato e António Pina, de Burgães e da Quintã de Castelões”, que sempre me acompanharam durante toda a recruta e preparação para Embarque, que tínhamos sido escolhidos no ano de 1960.

Estes e outros colegas embarcaram com o destino à INDÍA e nós ficamos, nas Caldas, fazendo mais uns meses até que tivemos a noticia, que estávamos novamente mobilizados para fazer parte do Batalhão de Caçadores 114 e representarmos a C.CAÇ. 116, com destino imediato para ANGOLA… Embarcamos em Lisboa no dia 28MAIO de 1961, a bordo do NAVIO NIASSA, que nos deixou em LUANDA, no dia 09JUNHO, desfilamos pela linda Marginal e Estacionamos no Liceu Feminino, que estava em Construção. Acampamos ali por oito dias, seguindo para a Barragem das Mabubas, por mais por mais uns dias para recebermos instruções sobre a “ Guerra que íamos enfrentar contra os chamados terroristas”. 


E no mês de Junho, lá estávamos nós a lutar com o inimigo, no percurso do Rio Lifune, Quicabo, Biríl,Balacende, Quissacala, Quipetêlo, Beira-Baixa e Nambuangongo.

E foi precisamente no dia 07 SETEMBRO, que sofremos, aquele que foi considerado o maior ataque, do Norte de Angola durante todo o nosso percurso, a lutar com o inimigo. “ QUISSACALA “, a todos nós deixou até hoje memórias inesquecíveis.

E lentamente, seguíamos as picadas, as fazendas, abandonadas e o inimigo sempre se deslocava antes de nós chegarmos ao local que era ocupado por eles, deixavam em alguns dos casos, ainda fogueiras acesas, tudi isto a seguir ao primeiro ataque, pela madrugada no “ Môrro- Quanda Maua”, que deixou ali para sempre um colega da C.CAÇ 117.

Esta luta deu-se depois da CCAÇ 117, nos terem trazido as nossas viaturas e a primeira refeição a quente e na cozinha ambulante que se atrelava à “ G.M.C. “, nós tínhamos atravessado o Rio Lifune a nado, porque a ponte do mesmo estava destruída e apeados, em fila Indiana munidos do armamento que nos tinha sido confiado e o da época “ MAUSER, PARABELAM, CATANA F.RAMADA, GRANADAS DEFENSIVA E OFENSIVA “, assim seguimos o nosso destino, até pernoitar nesse inesquecível “ Morro-Quana-Maua”, que pela madrugada do dia seguinte estávamos as duas Companhias em LUTA, COM OS TERRORISTAS “. Foi o primeiro ataque que enfrentamos com o inimigo, que saiam do Capim, como se fossem formigas a sair dos buracos, foi delirante eram mais os gritos de desespero do que o manejo das armas, do lado do inimigo ficaram bastantes mortos.

A partir daqui, o dormir era pouco e nesse pouco era sempre com a MAUSER, junto do nosso peito e com a bala já na camara e pronta ao disparo. 


Após o termino do ataque, recebemos as nossas viaturas, que já se encontravam preparadas para a guerra, com as armas pesadas montadas nos Jeepes e jepões e devidamente protegidas com sacos de areia e chapas em ferro, só com a porta traseira em liberdade para em caso de necessidade saltarmos para a melhor posição de defesa e atacar.

Então seguimos rumo a “ QUICABO “. Onde nos esperava o Comandante do Posto senhor Miranda, mulato muito simpático aqui ficamos por algum tempo, depois de termos recebido algumas casas de colonos totalmente abandonadas e com escrito nas paredes em carvão deixado pelos turras, com a seguintes frases “ BATALHÃO DA MORTE UPA, HOLDEN ROBERTO , ANGOLA É NOSSA “.

E assim continuamos mês após mês, até ao cumprimento do nosso itinerário, com mais lutas e perdas de vidas, desde QUICABO, BALACENDE, QUISSACALA e QUIPETÊLO.

Passado o ano de lutas, regressamos ao CACUACO, descansamos cerca de trita dias e entramos no Barco QUANZA e fomos nele até ao LOBITO, tomamos o Caminho de Ferro de Benguela e só paramos passados muitas horas no LESTE, mais propriamente “ VILA TEIXEIRA DE SOUSA “. Naquele Quartel que ali existia e era ocupado pelos Dragões de Silva Porto.

Aqui não havia “ GUERRA “, controlávamos todos os pequenos pormenores e cativamos imensa alegria em toda a sua população e fazíamos o controlo das Fronteiras, do Katanga e Rodésia.

Também atenuamos a manifestação popular, que estava prevista para a tomada da posse do Quartel, na quadra do NATAL de 1962, onde enviamos para a Cidade do LUSO, mais que ceto e oitenta manifestantes de todas as cores e ideias.

Permanecemos aqui por cerca de ano e meio até regressarmos às nossas origens, em Julho de 1963, desde a Cidade do Lobito a Bordo do NAVIO VERA CRUZ, até LISBOA, chegamos a 24 do mesmo mês e ANO.