RIO CAIMA E
SUAS CHEIAS
Rio que
nestas épocas toda a sua água era límpida e que foram muitas as vezes que a
mesma se usava para nos matar a sede, em momentos quando tomávamos banho, ou na
apanha dos peixes que se escondiam debaixo das pedras e que as mesmas nós os
avistavamos com claridade e que
mergulhávamos sempre com a intenção de os apanhar, mas tornava-se sempre mais
fácil, então optávamos em fazê-lo com a
estaca dos feijões, um fio de norte e o anzol e assim se apanhavam belas vogas,
barbos e trutas deste feiticeiro RIO CAIMA.
Depois com o
aproximar das suas desovas, começávamos por construir as “ chamadas
cascalheiras”, feitas em pedras com uma abertura ao cimo e outro no fundo que
recebia um saco de serapilheira, com a boca aberta e um pouco de estaca na sua
abertura, para receber a entrada em quantidades, depois de termos chicoteado
com um vime aquele cardume que se preparava para a suas desovas.
“ Eram
somente vogas “, que preparadas pelos nossos pais e fritas em molho de banha de
grandes porcos caseiros eram uma autêntica delicia .
E as águas
deste maravilhoso rio, que sempre foram imensas assim como os seus caudais
largos, mas que foram muitas vezes como o prova a foto, até à levada da Ilha da
Casa de Areias, galgando tudo o que lhe aparecia pela frente, medas de palha,
cabaças porqueiras e atulhava totalmente os moinhos de Coronados que eram
Administrados pelo senhor José Moleiro e toda a sua família.
Deixavam os
caseiros, da dona Marianinha e outros sem a palha e as cabaças que estavam destinadas
para os seus gados.
PONTE DE
CORONADOS
Que deixavas
passar por baixo as águas limpas, dando acesso ao movimento destes lindos
barcos de recreio, do senhor Zuca Martins, Bernardo da Tia Aurora e Bernardo do
Inocêncio, ( este construía-os pelas suas próprias mãos, era um conceituado
carpinteiro da Firma Martins & Rebelo, foi longos anos.
E por tudo
isto que de ti rio, descrevo hoje te vou dedicar estas minhas quadras
agradecendo-te …
Rio Caima, que
nasceste na Mizarela;
Deslizas aos
trambolhões por Cambra abaixo,
E eu, em minha
juventude todos os dias,
Te avistava da
minha janela.
Tuas águas corredias e límpidas,
Se cruzavam com
outras perdidas,
Pelos vales e
caminhos;
Depois de todas
juntas faziam mover muitos Moinhos.
E isto são coisas do passado,
Que as recordo
de elevado encanto;
Também para
lembrar às novas gerações,
Como tu, água
nos dedicavas no BANCO.
Banco que a mãe
natureza nos ofereceu,
De gerações a
gerações, tuas águas os lavaram;
E é de lembrar
hoje a todos como eu,
Que neste banco se
Sentaram.
Banco do Rio
Caima, que te situas,
Em Entre-Pontes e
hoje estás muito sozinho;
Entraste em
decadência com toda a tua clientela,
Assim também o
aconteceu com o Alambique do Pinho.
E após tantas décadas
que se passaram,
Sem que alguém de ti
fala-se BANCO,
Mas eu. Enquanto vivo
o farei;
Porque existe comigo e
em minha memória,
A vida de alguém que
nestas águas SALVEI …
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