SAPATEIROS TAMANQUEIROS
E ENGRAXADORES …
Longos vão os anos, que em oficinas de sapateiros,
tamanqueiros e nas esquinas dos cafés e mesmo à saída das missas, engraxadores
com sua caixas de madeira feitas a propósito para tal efeito, com tinta anelina
de duas cores assim como a pomada, escovas para a cor de cada sapato e o pano
para o brilho dos mesmos, que em mãos haveis os faziam cantar ao sabor de
musicas românticas das épocas.
Sapateiros: eram muitos na nossa terra, que prismavam a cortar
as peles e as solas ao gosto do cliente, feitio, que recebia as suas formas de
madeira, após ter sido gaspeado, pregado e cosido todo à mão, com fio feito a
prepósito depois de ter passado varias vezes pela sua perna, direita ou
esquerda do artista e no final lhe passar a cera especial, para ser devidamente
cosido com a sovela e apertado com elevada força pelos braços do ser humano até
que as suas mãos, deixassem marcas e calos por longos anos a fazer esse serviço
a coser as solas.
Tamanqueiros: não eram muitos, mas existiam alguns e muito
bons, que pregavam nos paus de varias qualidades, socos e chancas e na sua sola
pregavam taxas ou pneu de avião para não escorregar e também para que os paus
tivessem mais tempo de duração.
Engraxadores: também tivemos muitos, com tinta e pomada outros
sem tinta e sem pomada, que pelos dez tostões em cada par de sapato ou bota, de
esquina em esquina ou de café em café, vibravam para ver qual deles era o
melhor. (hoje somente temos um ), que continua no Café Arcádia, quanto aos
sapateiros e tamanqueiros, são minoria, os que mantem a tradição e que hoje
ninguém compreende. É um lista tão infindável como o mundo que não termina já.
Esse é o nosso prenúncio de felicidade. “ Porque depois do
dobrar, os setenta, cada dia é um pedido de empréstimo ao destino e pergunto-me
o que restará depois de tudo desaparecer “.
Histórias que
passam e outras que ficam em memória.
Memória coletiva
e que mesmo assim, valem sempre a pena lembrar.
Foram e são
essas histórias que guardei assim como alguns retratos, do século passado,
acompanhados pela minha vivência e o ensinamento que colhi ao longo destas
épocas, pelo meu pai e amigos que ele e
eu, sempre os consideramos...
E hoje tentarei se o nosso Deus, me permitir deixar aos meus como
Memória.
2016
Arlindo Gomes
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