quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Café Avenida


O CAFÉ AVENIDA

O seu fundador, ANTÓNIO DE ALMEIDA “Pranta”,passados anos, ficou seu filho Delmiro Henriques d'Almeida. Administrando com elevados conhecimentos adquiridos ao nível da poderosa Industria de Latas e Madeiras que foi o “ALMEIDA & FREITAS Lda. que nessa época era conceituada a nível Nacional como uma das mais completas e de enorme eficácia do País.

Ordenava o seu movimento,com primoroso serviço e elementos com elevados conhecimentos no ramo,como o eram: A dona Luciana e o Senhor João Gomes. Tendo no ano de mil novecentos e quarenta e cinco o Senhor Leonel Henriques de Almeida,na companhia de mais dois sócios,Alberto Henriques (Padaria) e Benjamim Freitas. Seguiram hábitos e costumes, pois continuaram a usar os fundos da casa do senhor “Almeida Pranta”, para a recolha e armazenamento dos vinhos vindos de vários pontos do Concelho, assim como o famoso branco de Conlela, (hoje essa adega é os CTT).

Estes vinhos vindos dessas terras de Conlela, Bispeira, Quintas e Casal Velide: Eram na maioria dos casos transportados pelas furgonetas dos senhores: Saúl Lima,Carlos da Irene e Agostinho Leite Martins de Lordelo.

Para quem antes de mim, se serviu deste maravilhoso espaço e serviço especializado em todo o seu sector, incluíndo a “maceira bilhar”,ás três tabelas,as mesas em palha e os tampos em vidro redondo,que nos proporcionava umas bebidas em garrafa de litro e com rolha de tarracha de cor verde ou castanha,daquele celebre e saudoso vinho de “conlela”, que também algumas vezes nos levava a saboreá-lo na cave depois de termos descido a escadinha feita em “caracól”.


Resumindo se hoje: conseguirem com a ajuda de seus óculos ou ouvir através desta leitura pelos vossos filhos ou netos, ou bisnetos,ficam deveras surpreendidos a recordar este passado de tantos anos que neste estabelecimento que sempre nos ofereceu belíssimas condições de trato de simpatia de suas filhas e filho Orlando,que acompanharam sempre com variadíssimos empregados qualificados que ainda hoje são memoráveis.


E hoje, ao falar deste que foi meu e vosso café, nos momentos mais belos de nossa mocidade. Cumpre-me focar alguns aspectos mais vividos,após o fecho do meu talho e que o fiz muitas vezes,deixava ao Orlando, pai ou empregado Álvaro, uma porção de bifes,costeletas,rins ou figado de vitela,dessas épocas que nos delirava com o seu sabor e o esmerado arranjo,por qualquer um destes artistas, que já sabiam que era sempre às sextas-feiras após o fecho do café. E em muitas dessas vezes,apareciam alguns amigos que se faziam convidados,no reservado ou na esplanada,que por vezes se prolongava noite dentro com o decorrer do ambiente ali criado.

De todos os empregados do café Avenida,que eu, tive o prazer de conviver: Tenho que salientar este saudoso e sempre amigo, “Álvaro do café”, que era para nós assim o seu trato, elemento de elevada simpatia,dedicação,amigo do seu amigo, honestidade, trabalhador, competência invejável e em momentos de confusão,sempre nos dedicava aquele seu sorriso simpático, brincalhão mesmo com este gatinho que alimentava como muito observador e equilibrista,pois ele adorava imenso este gatinho,que no seu todo era mesmo muito especial,a sua personalidade ligada ao serviço esmerado e com toque de profundas credenciais que a entidade patronal lhe confiava ao longo de muitas décadas. “Lembra-lo hoje é o trazer à nossa memória o passado,testemunhando os momentos bons e maus, mas no fundo é saudável transmitir principalmente a todos aqueles que não tiveram a ocasião e o prazer de o conhecer,assim como ao melhor café que Cambra tinha nesses tempos.O seu movimento era mesmo forte em tudo que o cliente tivesse vontade de saborear e mesmo em sessões de negócios e após o almoço as mesas se tornavam poucas, para fazer face aos enormes jogos de dominó,que após o tomar do seu cafezinho acompanhado do seu cheirinho de bagaço caseiro,se reunião várias mesas com os seus elementos já escolhidos ao seu belo prazer e de jogadas já por eles delineadas, que quando não corriam ao seu modo e a assistência comentava as jogadas malfeitas os elementos que estavam a jogar discutiam largamente que levava muitas das vezes a pedir calma aos praticantes para que não partissem as mesas que eram de vidro.

Descrever estas verdades,acontecimentos do passado é para mim salutar: mas nunca com a intenção de ferir quem quer que seja, mas sim o desejo de homenagear,os que partiram e os que estão connosco, familiares que sabem que tudo que eles fizeram na terra foi somente para o bem deles e de seus familiares.

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