O “ZÉ CAVEIRA“
Quem foi o
Zé Caveira: era um ser humano que chegou a Cambra, vindo dos lados de Arouca,
muito humilde, honesto, trabalhador, mas sem se saber corretamente qual era a
sua verdadeira filiação e origens.
Parou e
ficou na nossa terra, por longos anos do seu viver, servia-se muito do seu
maior amigo o “ Té “, e da caridade e do bom coração da população, mas muito
mais da Tia Rosa da Pinha, que em horas mais difíceis do seu dia a dia, lá
estava ela, sempre pronta com a sua oferta da malga da sopa. Não tinha guarida
certa, no seu vestuário era do mais simples, camisa, calças e sempre descalço,
fazia recados nas mãos e muito mais na sua cabeça, com cestos ou cabazes ele,
estava sempre presente a troco de umas moedas de um escudo, que o fazia sempre
sorridente e simpático para com os clientes, que o convidavam para esses
serviço de entrega ao domicilio e quando não tinha compromissos do género,
estacionava na “ Tia Rosa da Pinha, ou Tio Joaquim da Benvinda, porque estes
eram sem qualquer duvida os seus pontos de referência. Não tinha inimigos, pelo
contrário a sua maneira de ser, junto á sua simpatia, fazia dele um castiço,
muito desejado pelo habitantes de Cambra, que adoravam comunicar com ele em
reuniões, que para tal, o convidavam assim como a outros, que apareciam em
locais próprios para se divertirem, cantarem, dançarem e bebendo uns copos e
comerem, tudo por conta dos presentes, que adoravam estar com eles pela noite
dentro.
Esta figura,
depois de ter-se fixado em terras de Cambra, não mais nos deixou até ao seu
finamento, o seu estilo sempre era o mesmo, cigarro na mão esquerda era a sua
preferência, apanhado por dois dedos, porque na sua palma da mão sempre umas
moedas de escudos bem seguras, porque era a sua carteira preferida, para fazer
face às suas despesas diárias.
Foi um
humilde simpático, honesto e nunca dizia que não, a qualquer chamada que lhe
dirigiam para fazer um ou outro recado, estava sempre pronto, com a ajuda dos
seus braços e muitas das vezes com a sua cabeça, ou carreta.
Isto são
memórias do tempo passado, que vão ao encontro das gerações desses tempos, como
eu, as acompanhei e muitas delas as vivi, com eles em vários locais do nosso
Concelho, em momentos bons e também em muitos de tristeza pela elevada escassez
de vestuário e alimentação, que se fazia sentir nessas épocas.
Falar deles
hoje, é motivo de homenagem a todas estas figuras, que deixaram muitas memórias
das suas vidas, por tudo aquilo que fizeram enquanto habitaram, assim como a
todos aqueles que se hospedaram em nossas Terras.